terça-feira, 8 de julho de 2014

Reticências e palavras efêmeras

Preenchas com Sabedoria,
As frases que não ouso acabar,
Assim como um músico,
As pausas faz tocar.

Mesmo o silêncio de um olhar
Tem sujeito e predicado.
Certas palavras perdem a beleza,
Se eu, mesmo sincero, tiver que falar.

Não queiras com seu ouvido,
Certas verdades constatar,
Para que queres que eu confesse,
O que já muito claro está no ar ?

Até os pássaros ao voar,
Fazem que vão avançar,
Mas no momento certo,
Antes que fossemao longe estar,
Dão meia volta, seguem o líder,
Para ensinar aos homens que,
Em determinado ponto do vôo,
Devem dali voltar.

Onde as palavras poderiam entrar,
Em ardente rebuliço,
Uma pausa, um descanso,
Dará, eugaranto, muito o que pensar.

Ao invés de dizer:
"Olhe para mim,
Quero te dizer uma coisa".
Posso dizer simplesmente:
"Olhe fundo nos meus olhos",
E isto lhedirá tudo.

Assim são as reticências,
As pausas, os descansos,
As esperas, as músicas.
É nelas que a Sabedoria coloca,
Nos espaços, nos silêncios,
As verdades que não se dizem.

Bernardo Meyer (Jul/2014)

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